sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Destaques 2009 - Teatro em Porto Alegre

Bem, todo final de ano surgem listas e listas dos destaques de cada área escritas por uma gama infinita de pessoas, seja em sites, blogs, imprensa etc. Como estas listas são sempre muito subjetivas e a gente geralmente não concorda com 50% dos nomes listados ali, sugiro abaixo a minha lista de DESTAQUES 2009 - TEATRO EM PORTO ALEGRE, para quem ler puder concordar ou discordar da minha opinião.
Vamos aos nomes:


* BOB WILSON & ISABELLE HUPPERT - Com seu "Quartett", Bob Wilson conseguiu deixar todo o Teatro do SESI boquiaberto e reflexivo sobre um fazer teatral absolutamente avassalador, em todos os aspectos. Polêmicas à parte, tanto o espetáculo quanto à esplendorosa Isabelle Huppert não sairão cedo da minha cabeça.



* 4º FESTIVAL PALCO GIRATÓRIO - O SESC-RS nesse ano se superou e nos brindou com um festival que valorizou sobretudo o trabalho continuado de grupos brasileiros que vêm pesquisando novas linguagens cênicas. Destaque para os espetáculos "Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu escudeiro Sancho Pança - um capítulo que poderia ter sido", do Grupo Teatro que Roda (GO) e "Hysteria" da XIX de Teatro (SP), que apesar de ser um grupo super conceituado em Sampa, nunca tinha se apresentado em Porto Alegre.

"Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote..." em Porto Alegre. Foto: Vinícius Carvalho.


* "O SOBRADO" - Inês Marocco dirigiu o que, prá mim, foi o melhor espetáculo gaúcho do ano! Uma encenação que captou a linguagem do Érico Veríssimo e a teatralizou soberbamente num espaço não-teatral, com alunos do DAD em ótimas performances em sua maioria.

Excelente ocupação do espaço não-teatral em "O Sobrado"


* "TERESA E O AQUÁRIO" - Encenação muito instigante e desconfortável da Cia. Espaço em Branco, que traz os melhores trabalhos do João de Ricardo, da Sissi Venturin e do Lisandro Belotto. Uma peça que deveria inspirar os artistas gaúchos a saírem de suas acomodações...

Sissi Venturin e Lisandro Belotto em "Teresa e o Aquário"


* "DESVARIO" - Um prazer desfrutar da jovialidade da proposta cênica da Tainah Dadda, em meio a montagens caretas que vemos por aí.

Elisa Volpatto, Lucas Sampaio, Leandro Leffa e Ursula Collischonn em "Desvario"


* "DENTRO/FORA" - Atuações deslumbrantes da Liane Venturella (uma das minhas atrizes gaúchas preferidas!) e do Nelson Diniz, para um texto muito inteligente. Ambientação cênica e iluminação - de Élcio Rossini e Cláudia de Bem respectivamente - excelentes!

Liane Venturella em "Dentro/Fora". Foto: Alex Ramirez.


* TEATRO SARCÁUSTICO - O grupo porto-alegrense mais premiado do ano, levou prá casa 7 Prêmios na cidade (4 Tibicuera, 1 RBS Cultura, 1 Açorianos e 1 Braskem). Além disso, com o financiamento do FUMPROARTE, realizou a Mostra 5 ANOS TEATRO SARCÁUSTICO, que executou 44 apresentações gratuitas de 5 espetáculos do grupo, atingindo cerca de 5.000 espectadores.

Prêmio RBS Cultura de Melhor Espetáculo Infantil - Júri Popular
para "Jogo da Memória". Foto: Ivo Gonçales.


Por Daniel Colin: ator, diretor, dramaturgo e metido a fazer listas... Ah, e agora mestrando em Artes Cênicas na UFRGS tb!

5 comentários:

Marcelo Ádams disse...

Oi Daniel. Me dirijo para ti, porque já falamos sobre isso há algum tempo. No teu comentário destacando "O sobrado", tu usaste a expressão "espaço não-teatral", e na minha opinião isso é incorreto. Não há, em teoria, nenhum espaço não-teatral, porque a princípio qualquer lugar pode ser um, já que o que instala a teatralidade é a intenção artística, seja pela presença do ator (o que é mais comum), seja pela presença de aparatos cênicos. Ou seja, citando Grotowski, para que ocorra o ato teatral basta um ator e um espectador. Concordo com isso. No caso do Memorial do RS, utilizado para "O sobrado", o melhor seria chamá-lo de espaço não convencional.

Colin disse...

Pois é, Marcelo, mas ainda não estou muito convencido disso... hehehehe
Alguns autores, utilizam o termo "espaço não-teatral", inclusive a Odette Aslan em "O Ator no século XX", mas eu mesmo tenho minhas dúvidas... Mas vamos mantendo esta discussão, até porque é a base do meu mestrado.

Colin disse...

Ó, acabei de achar no livro: Odette Aslan explica que atualmente "busca-se uma disposição particular para cada realização, arranjam-se LUGARES NÃO TEATRAIS ou demolem-se parcialmente teatros" (pg. 322)

Marcelo Ádams disse...

Eu até entendo o que a Aslan quis dizer com "lugares não teatrais". Provavelmente é um problema de tradução do francês. Ela deve se referir àqueles não construídos como edifícios teatrais, como nós temos o nosso São Pedro e o Renascença. São, portanto, ESPAÇOS TEATRAIS NÃO CONVENCIONAIS, ou seja, a convenção que, em determinado momento do século XIV ou XV começou a sedimentar que a melhor forma de espaço teatral seria aquela que desse possibilidade de exibir a recente descoberta da PERSPECTIVA nos palcos. Isso influenciou toda a história dos ESPAÇOS TEATRAIS subsequentes. No entanto, na Grécia Antiga, a convenção da época dizia que o espaço deveria ser frontal, porém com a orchestra adentrando o semicírculo no qual postavam-se os espectadores. Em teatro tudo é convenção, por isso acho equivocated a expressão ESPAÇO NÃO TEATRAL, já que vemos, cada vez mais, encenações ocupando espaços não criados para serem teatros, mas que ganham a aura de espaço teatral não convencional com a presença do aparato cênico. É o que faz o Teatro da Vertigem. Inclusive o nosso "Solos trágicos".

Aline Grisa disse...

Sobre a lista...concordo em Gênero, Número e Grau.Assino embaixo.

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