segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sobre ensaio aberto "Wonderland"

Como já postamos aqui na semana passada, realizamos um ensaio aberto do nosso novo espetáculo - "Wonderland e o que M. Jackson encontrou por lá" - para alguns convidados especialíssimos. Pois bem, ainda faltam algumas cenas e temos consciência de que o material ainda é bem "verde", mas achamos importante ter a presença de espectadores que pudessem trocar ideias conosco: para nos mostrar outras perspectivas que, enclausurados em nossa pesquisa, talvez não estivéssemos enxergando.
Tivemos várias discussões boas e fazemos questão de postar aqui uma delas. Abaixo, portanto, o email que a Ursula recebeu de sua amiga Suzana Pohia. Valeu, Suzana!


Pensamentos pós-espetáculo

Quando ouvia que vocês estavam montando uma peça sobre identidade me perguntava como se daria isso. Como organizariam tantos enredos. O fio condutor pode ser o mesmo, no entanto cada um apresenta suas peculariedades que podem divergir ou convergir.
Gostei da solução. Ao escolher o Michael Jackson como principal objeto vocês acertaram, pois como o Daniel mesmo disse todo mundo conhece a história dele. Em alguns instantes, ficou confuso descobrir quem estava sendo representado (...).


Como pontos altos, destaco as cenas do chá e lagarta. A do chá acredito que acertaram no tom da comédia e da crítica. Ficou muito boa mesmo. E a da lagarta entendi os questionamentos dela como do Michael, do grupo e do espectador. Afinal, todos – pelo menos em algum momento da vida – nos questionamos sobre quem somos, o que estamos fazendo e o que representamos. A nudez achei que casou com a cena, não é banal. Essa cena me deu aflição, um mal estar. E como comentei com a Ursula, fazia tempo que não sentia isso, pelo menos com essa intensidade. Ponto pra vocês.


A parte do Tim, achei um pouco longa, mas também mexeu bastante. Acredito que tenha achado longa até por causar um incomodo. Uma sensação de estranhamento. Outro ponto pra vocês. Porque para mim, ela tem que estar no roteiro para conseguir passar pro público esse mundo de espetacularização em que vivem esses personagens.


Pontos que precisam cuidados. Algumas falas no fim não se conseguem entender, e nem tanto pelo eco ou pelos barulhos. A parte do Michael com a Sandy e Junior, não sei, mas não gostei muito da entonação do texto do Michael. Não me soou convincente. Fora isso, acho que mais a questão do tempo mesmo. Não são muitas as pessoas que tem disposição para assistir tanto tempo. Um ponto a favor é o ritmo, como tem muitas alterações, os espectadores são puxados pra dentro do espetáculo e muitas vezes na hora exata em que estavam começando a dispersar.


Outra coisa que gosto do trabalho de vocês é a interatividade com o público. Acho isso bem bacana. Como palpite, diria que aquela hora entre o chá e a outra cena vocês poderiam utilizar mais o clima onírico que a música traz. Foi um dos momentos que mais entrei na peça, que me transportei mesmo e achei que esse clima é meio quebrado na próxima cena. Nem digo de alterar o texto, mas só de pensar em alguma coisa, projeção de repente junto com a música que se encaixou muito bem.


E é isso. Espero ter ajudado. E no fim, saí com algumas imagens na cabeça, e isso que nem tem figurino e o cenário não está completo. Acredito que todos ali pensaram um pouco sobre "quem é você". Sorte pra vocês!


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