Bem, todo final de ano surgem listas e listas dos destaques de cada área escritas por uma gama infinita de pessoas, seja em sites, blogs, imprensa etc. Como estas listas são sempre muito subjetivas e a gente geralmente não concorda com 50% dos nomes listados ali, sugiro abaixo a minha lista de DESTAQUES 2009 - TEATRO EM PORTO ALEGRE, para quem ler puder concordar ou discordar da minha opinião.
Vamos aos nomes:
* 4º FESTIVAL PALCO GIRATÓRIO - O SESC-RS nesse ano se superou e nos brindou com um festival que valorizou sobretudo o trabalho continuado de grupos brasileiros que vêm pesquisando novas linguagens cênicas. Destaque para os espetáculos "Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu escudeiro Sancho Pança - um capítulo que poderia ter sido", do Grupo Teatro que Roda (GO) e "Hysteria" da XIX de Teatro (SP), que apesar de ser um grupo super conceituado em Sampa, nunca tinha se apresentado em Porto Alegre.
* "O SOBRADO" - Inês Marocco dirigiu o que, prá mim, foi o melhor espetáculo gaúcho do ano! Uma encenação que captou a linguagem do Érico Veríssimo e a teatralizou soberbamente num espaço não-teatral, com alunos do DAD em ótimas performances em sua maioria.
* "TERESA E O AQUÁRIO" - Encenação muito instigante e desconfortável da Cia. Espaço em Branco, que traz os melhores trabalhos do João de Ricardo, da Sissi Venturin e do Lisandro Belotto. Uma peça que deveria inspirar os artistas gaúchos a saírem de suas acomodações...
* "DESVARIO" - Um prazer desfrutar da jovialidade da proposta cênica da Tainah Dadda, em meio a montagens caretas que vemos por aí.
* "DENTRO/FORA" - Atuações deslumbrantes da Liane Venturella (uma das minhas atrizes gaúchas preferidas!) e do Nelson Diniz, para um texto muito inteligente. Ambientação cênica e iluminação - de Élcio Rossini e Cláudia de Bem respectivamente - excelentes!
* TEATRO SARCÁUSTICO - O grupo porto-alegrense mais premiado do ano, levou prá casa 7 Prêmios na cidade (4 Tibicuera, 1 RBS Cultura, 1 Açorianos e 1 Braskem). Além disso, com o financiamento do FUMPROARTE, realizou a Mostra 5 ANOS TEATRO SARCÁUSTICO, que executou 44 apresentações gratuitas de 5 espetáculos do grupo, atingindo cerca de 5.000 espectadores.
Prêmio RBS Cultura de Melhor Espetáculo Infantil - Júri Popular
para "Jogo da Memória". Foto: Ivo Gonçales.
para "Jogo da Memória". Foto: Ivo Gonçales.
Por Daniel Colin: ator, diretor, dramaturgo e metido a fazer listas... Ah, e agora mestrando em Artes Cênicas na UFRGS tb!
5 comentários:
Oi Daniel. Me dirijo para ti, porque já falamos sobre isso há algum tempo. No teu comentário destacando "O sobrado", tu usaste a expressão "espaço não-teatral", e na minha opinião isso é incorreto. Não há, em teoria, nenhum espaço não-teatral, porque a princípio qualquer lugar pode ser um, já que o que instala a teatralidade é a intenção artística, seja pela presença do ator (o que é mais comum), seja pela presença de aparatos cênicos. Ou seja, citando Grotowski, para que ocorra o ato teatral basta um ator e um espectador. Concordo com isso. No caso do Memorial do RS, utilizado para "O sobrado", o melhor seria chamá-lo de espaço não convencional.
Pois é, Marcelo, mas ainda não estou muito convencido disso... hehehehe
Alguns autores, utilizam o termo "espaço não-teatral", inclusive a Odette Aslan em "O Ator no século XX", mas eu mesmo tenho minhas dúvidas... Mas vamos mantendo esta discussão, até porque é a base do meu mestrado.
Ó, acabei de achar no livro: Odette Aslan explica que atualmente "busca-se uma disposição particular para cada realização, arranjam-se LUGARES NÃO TEATRAIS ou demolem-se parcialmente teatros" (pg. 322)
Eu até entendo o que a Aslan quis dizer com "lugares não teatrais". Provavelmente é um problema de tradução do francês. Ela deve se referir àqueles não construídos como edifícios teatrais, como nós temos o nosso São Pedro e o Renascença. São, portanto, ESPAÇOS TEATRAIS NÃO CONVENCIONAIS, ou seja, a convenção que, em determinado momento do século XIV ou XV começou a sedimentar que a melhor forma de espaço teatral seria aquela que desse possibilidade de exibir a recente descoberta da PERSPECTIVA nos palcos. Isso influenciou toda a história dos ESPAÇOS TEATRAIS subsequentes. No entanto, na Grécia Antiga, a convenção da época dizia que o espaço deveria ser frontal, porém com a orchestra adentrando o semicírculo no qual postavam-se os espectadores. Em teatro tudo é convenção, por isso acho equivocated a expressão ESPAÇO NÃO TEATRAL, já que vemos, cada vez mais, encenações ocupando espaços não criados para serem teatros, mas que ganham a aura de espaço teatral não convencional com a presença do aparato cênico. É o que faz o Teatro da Vertigem. Inclusive o nosso "Solos trágicos".
Sobre a lista...concordo em Gênero, Número e Grau.Assino embaixo.
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