Na edição da "Zero Hora" da última quinta-feira (27/05/2010), nós lemos um depoimento do diretor Luiz Paulo Vasconcellos, que nos fez debater por várias horas:
"Hoje, alguns pretendem substituir a representação do drama pelo exercício performático, a ficção pelo virtuosismo, a ação cênica pela presença física do ator. O que não deixa de ser um equívoco monumental."
Eaê? Concordam com Vasconcellos? Mandem suas opiniões - vamos discutir!
"Hoje, alguns pretendem substituir a representação do drama pelo exercício performático, a ficção pelo virtuosismo, a ação cênica pela presença física do ator. O que não deixa de ser um equívoco monumental."
Eaê? Concordam com Vasconcellos? Mandem suas opiniões - vamos discutir!
19 comentários:
Eu acho péssimo quando as pessoas definem algo como "isto está errado", "isto é um equívoco", "isto é arte, isto não", etc. Falar algo deste tipo como uma VERDADE ABSOLUTA, como se não houvesse algo além desta suposta verdade, dá um tom meio ingênuo, limitado e autoritário a qualquer assunto. Não sei exatamente qual a intenção do professor Luiz Paulo ao dizer isto, se nela está contida uma abertura para o debate continuo da arte, respeitando suas diferentes formas, ou se nela está uma censura embutida, que define ao público o que é certo e errado. O que sei é que acredito na necessidade de termos olhos mais atentos para as expressões artísticas contemporâneas, ou corremos o risco de morrermos abraçados à história, em vez de fazermos parte do PROCESSO HISTÓRICO. Afinal, se a performance art, ou espetáculos que bebem nesta fonte, ganham espaço na produção atual, não seria melhor buscarmos entender este processo antes de desqualificá-lo?
Quanta gente monumentalmente equivocada na história do teatro e na produção contemporânea do mundo inteiro, não é verdade? Ainda bem que em Porto Alegre ainda temos exemplos do teatro feito da forma monumentalmente certa!
acho inquietante.
Discordo do Felipe. Não há nada de errado em dizer que algo é errado. Afinal, o certo e o errado existem, mesmo que não gostemos deles... O que eu acho fundamental é sempre dizer o lugar de que se avalia. A partir de onde algo é certo e algo é errado? Utilizando o que como parâmetro?
As coisas são certas e erradas a partir de um paradigma. Qual é ele? Porque quando se muda o paradigma, mudam-se também as perspectivas de avaliação.
Baseado em quê o Prof. Luiz Paulo diz que é errado substituir o drama pela performance? Sabendo isso, poderemos dizer se concordamos ou não com o que ele fala.
Rodrigo, existe hoje certo e errado em arte? Paradigma ou binarismo? Mesmo questionar o imediatamente anterior ainda é possível? As coisas não me parecem mais tão delimitadas.
Repito citação do Eagleton que fiz no meu blog:
Postmodernism, by contrast, is not really old enough to recall a time when there was truth, meaning, and reality, and treats such fond delusions with the brusque impatience of youth. There is no point in pining for dephts that never existed. The fact that they seem to have vanished does not mean that life is superficial, since you can only have surfaces if you have dephts to contrast with them. The Meaning of meanings is not a firm foundation but an oppressive illusion. To live without the need for such guarantees is to be free. You can argue that there were indeed once grand narratives (Marxism, for example) which corresponded to something real, but that we are well rid of them; or you can insist that these narratives were nothing but a chimera all along, so that there was never anything to be lost. Either the world is no longer story-shapped or it never was in the first place.
Vejamos a foto do post abaixo, deus e o Diabo existem para Lachapelle, Deus é o Michael JAckon, e o diabo é vermelho!
adoro! sem limites. sem limitações. desdizer e reafirmar o sim para dizer não ou não. afirmar para negar. vice-versa. referencialidade e/ou poesia do rompimento.
e derrubar os monumentos. ou não.
ressignificar? mas o que é significado?
sem limites. sem limitações.
NADA É ABSOLUTO.
Mari, Eagleton é o filósofo da desconstrução. Dentro do Curso de Letras, o que li sobre ele é que ele inspira a quebra do estudo das escolas e, como os estruturalistas, promove uma olhada das obras pelas obras e não o que está fora delas. A desconstrução de Eagleton não é o que as pessoas pensam. Ele não desconstrói conceitos, nem valores. Ele desvaloriza conceitos e valores exteriores aos objetos, os pré-conceitos. Nisso eu concordo com ele. Eu e todos os estruturalistas. Não há nenhuma regra válida que seja exterior ao objeto e todo objeto deve ser avaliado a partir da forma como ele se realiza no mundo. Daí minha pergunta ao professor Luiz Paulo: a partir do que o sr fala? Se for a partir do externo ao objeto, de repente ele pode estar certo, ainda que sua certeza pouco me importe. Se for a partir do objeto, bueno, penso que haja um equívoco aí. O errado não funciona como juízo de valor externo, mas como uma descoerência (maior do que incoerência) ou ainda uma ruputura consigo mesmo. E o errado existe. Semm ele, há o caos. E o caos é nada além que uma burrice de entender a ordem. A sociedade do caos não existe, embora haja a incompreensão da ordem.
Se Deus é mesmo o Michael Jackson, que Ele abençoe o caos!
Sinto uma falta de dialogo/discussão nos tipos de teatros que são feito, e isso não deixa de ser um equívoco monumental.
Falando sério: adorei essa discussão prolífica que tá rolando. Sigam mandando suas vociferações! Façamos mais!
Ordem? Ok. Lá vai:
Contexto: entrevista sobre a montagem de um espetáculo teatral em sua estréia.
Frase: "Hoje, alguns pretendem substituir a representação do drama pelo exercício performático, a ficção pelo virtuosismo, a ação cênica pela presença física do ator. O que não deixa de ser um equívoco monumental."
Ponto de Vista: o teatro que "EU" faço.
Entrelinhas: se não for do jeito que "EU" penso, então não serve. Não é arte. Ou é uma arte equivocada.
No fundo, no fundo, sabemos que é isso o que está dito na entrevista.
Cuidado com a tergiversão.
O que penso sobre o tema, já falei.
Diálogo.
Faz falta.
Conflito.
Faz falta.
O que é interessante, contudo,é que a exposição desta idéia do professor Luiz Paulo traz à tona, como páradoxo de si mesma, o diálogo, pelo menos entre aqueles que param pra pensar sobre o assunto e debatem-no.
Conflito de idéias, afinal, são sempre bem vindos!
Importante, no meu entendimento, é que as idéias de cada um não se encerrem em si mesmas, ou pelo menos não sejam apontadas como uma "verdade" a ser engolida ou aceita tranquilamente pelo outro.
Isso é tentar anular a diferença.
Isso é desmerecer o que vem de fora do "Eu".
E eu quero conflito.
Mas não conflito puro e simples, pelo simples fato de conflitar.
Eu quero conflito porque sem ele eu sou uma pedra equivocada que pode ser jogada na cabeça de qualquer um por qualquer um.
Manipulada ou autoritária no meu intento de ser pedra.
Mas, ainda assim, pedra.
De repente, de uma pedra, se faz um monumento...
É uma prática bastante comum, mas eu não a quero pra mim.
Quero diálogo. O conflito.
Ver uma obra de arte tentando encontrá-la, mesmo que eu me debata contra todas as instituições que habitam em mim.
Desamarrar-se dos pré-conceitos, da ordem moral pré-estabelecida, ou que se reestabelece a cada novo ato praticado, através da repetição massificada de um padrão a ser seguido para tudo nesta vida, não apenas na arte...
Ou pelo menos perceber isso!
É importante pra mim, que faço teatro há menos de 10 anos.
Importante pra quem tem 50 anos de carreira.
Talvez eu pense diferente daqui 40 e poucos anos.
Mas se isso acontecesse...
Se hoje eu me olhasse no espelho e me visse daqui 40 anos pensando assim, feito uma pedra, feito uma estátua, um monumento, eu quebraria o espelho, indignado com minha própria limitação.
Talvez o mesmo acontecesse ao contrário...
Não sei.
Mas HOJE acredito que a arte, independente da forma como ela se apresenta, é mais importante que meu umbigo, embora eu reconheça que tenho um.
E isso, às vezes, parece meio caótico...
Mas não me parece errado.
Nem mesmo certo.
Parece processo.
Se o que baliza a avaliação do Prof. Luiz Paulo é sua experiência teatral, até não vejo como o resultado poderia ser diferente. Mas me preocupo com qualquer avaliação artística que dispense o objeto em questão e o que ele propõe na sua realização.
Respeitável experiência, aliás.
Afirmo isso justamente por buscar avaliar o objeto em questão e sua proposta, e não desmerecê-la ou desqualificá-la, como foi feito pelo professor Luiz Paulo ao falar de "arte contemporânea", digamos assim.
Talvez por provocação. Talvez...
Talvez por conceitos já muito sólidos e impermeáveis... Talvez...
Mas que criou, sem dúvida, um debate inquietante, como diria meu amigo João.
Psé.
O foda é adotar atitudes reducionistas e arbitrarias num terreno tão lindo e que para muita gente é terreno de crescimento e liberdade como a arte.
Geralmente se estrepa quem, ao querer afirmar seu gosto-opinião, reduz o alheio, o desconhecido, ataca, reduz ou ironiza.
COisa comum nesses pampas-pântanos. É retórica magricela. Mas como falou o Felipe, pelo bemoumal se cria um pequeno espaço onde alguns jovens artistas estão se manifestando. Esse espaco não é real nem virtual, é topos, ta no coração cabeça de cada um.
Pois o povo ta crescendo, ta criando carne, ta criando opinião pessoal. ética artística tmbm. uma coisa ta de braço dado com a outra. O negócio é que chegamos num tempo onde é ingênuo pensar que se pode sair assim opinando inadvertidamente sem que isso gere alguma onde de repercurssão. E como temos visto isso. paraobemeparaomal. paraocaos.
Acho que o professor Luiz Paaulo não cometeria o monumental equívoco de determinar o que é e o que não é um monumental equívoco no teatro. Ele não iria desconsiderar toda uma corrente teatral que vigora desde os anos 70 do século passado. Pra mim, ele está apenas sendo bombástico para vender o seu peixe.
Postar um comentário